quarta-feira, 16 de junho de 2010

A noite fantástica

Enquanto esteve sob ocupação nazista, a França produziu uma infinidade de filmes que, se não podem exatamente ser classificados como “cinema de resistência”, já que não havia neles qualquer mensagem de defesa dos valores pátrios contra o invasor estrangeiro, eram sem dúvida o típico cinema de fruição, feito para um país em guerra, cuja finalidade maior era distrair a população dos dramas reais, dando-lhe a oportunidade de sonhar e se divertir diante da tela. Nenhuma novidade nisso, já que os norte-americanos usavam igual artifício no mesmo período, caracterizado como a época de ouro dos musicais hollywoodianos. Este aqui é um bom exemplo do que se produziu naquele tempo.

Um jovem empregado de uma mercearia sonha todas as noites com uma misteriosa mulher vestida de branco. Com a recorrência, ele acaba se apaixonando por ela e, numa noite, termina por penetrar em seu próprio sonho, interagindo com os demais personagens; vai atrás dela, mas acaba vivendo uma aventura, como diz o título, fantástica. A história é narrada como se fosse de fato um sonho a que estejamos assistindo, e essa impressão é realçada pela concepção visual, por meio de cenários enevoados e uma fotografia que brinca o tempo todo com o jogo de luzes e sombras, aliás, dois elementos comuns do film noir, que também começava a ganhar força nos EUA. O futuro diretor Bernard Blier integra um eficiente elenco de nomes pouco conhecidos. É um filme com bons diálogos, engraçado e com um final apropriadamente romântico. Merecia ser conhecido do grande público.

O filme circulou por aqui há cinco anos, em uma mostra do Festival do Rio. Não existia em VHS e continua inédito em DVD.

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