quarta-feira, 28 de março de 2012

Treze à mesa e um traidor entre nós

Um dos lances mais comentados dos últimos dias foi o pênalti perdido pelo jogador Léo Rocha, do Treze, no jogo contra o Botafogo pela Copa do Brasil. Mais do que o lance em si, o que chama a atenção é a rigidez da punição aplicada ao atleta pela diretoria de seu clube.

Para situar o leitor. Na Copa do Brasil, nas duas etapas iniciais, passa à fase seguinte o time visitante que vencer por dois ou mais gols de diferença; ou que marcar mais pontos; ou que assinalar mais gols que o oponente na soma das duas partidas, se houver. Botafogo e Treze empataram por 1x1 no Engenhão, mesmo placar do primeiro jogo, disputado na semana anterior em João Pessoa. Assim, a decisão da vaga teve de ser decidida nos pênaltis. O Botafogo vencia por 3x2 quando coube a Léo Rocha cobrar a última penalidade, que poderia empatar a contenda, o que prorrogaria a disputa pela vaga (e, obviamente, a agonia da torcida do Botafogo, que dominou o jogo todo e não teve competência para liquidar a fatura nos 90 minutos, eta time que não sabe ganhar!). Eis que o jogador, em vez de fazer uma cobrança normal, inventou de dar a famosa “cavadinha” celebrizada pelo Loco Abreu – que, por ironia, já havia perdido sua cobrança, mesmo batendo normalmente. Ao que parece, se arrependeu no meio do caminho, chutou fraco e o goleiro Jefferson espalmou, garantindo a classificação do Botafogo.

Veja o lance aqui: http://www.youtube.com/watch?v=De4XhizYeCQ

A reação intempestiva do arqueiro, que correu até o jogador adversário e despejou algumas poucas e boas em seu ouvido, certamente chamou menos a atenção do que a atitude radical dos diretores do Treze que, horas depois da partida, decretaram o afastamento do jogador, primeiro, disseram, por uma medida de segurança, já que a torcida paraibana poderia recebê-lo sob ameaças, e posteriormente assumindo sua insatisfação com a brincadeirinha irresponsável do jogador, que causou a eliminação do Treze da competição nacional.

Será que havia motivo real para demitir o jogador por causa desse lance? O que pode ter representado a eliminação do time de Campina Grande da Copa do Brasil em termos práticos? Claro que é menos dinheiro em caixa, já que os participantes vão sendo remunerados proporcionalmente à fase que atravessam, mas isso pode ser atenuado. O Treze é grande em seus limites estaduais, mas um zero à esquerda quando projetado no cenário global do futebol brasileiro; dificilmente iria muito longe, mesmo porque o time é fraco (tenho forte convicção de que também o Botafogo não terá melhor sorte, mas não irei me ocupar disso aqui). Estavam se enfrentando um time grande e outro nanico: a regra da lógica indica a classificação do time grande, sem que haja qualquer absurdo nisso – o contrário é que causaria espécie, e, aí sim, justificaria uma demissão em massa do elenco do Botafogo. Era um jogo de volta da fase classificatória da Copa do Brasil: não era a final, nem a semifinal, menos ainda uma quarta de final, jogos de carga dramática bem maior, eivados de uma importância maiúscula que os encontros preliminares estão longe de se revestir. Ou seja, o Treze foi eliminado em um jogo no qual, em condições normais, sequer teria chegado àquela decisão. Sem maiores prejuízos. O que pensavam os dirigentes que demitiram Léo Rocha? Que o Treze chegaria à final, passando por cima de todos, como um Barcelona do Sertão? Que o Treze tem time para disputar qualquer competição de igual para igual com equipes mais fortes? Ou será que acreditavam que havia um planejamento feito com seriedade, visando a levar o time campineiro a disputar a Libertadores em 2013? Como o incompetente Léo Rocha teve a ousadia de frustrar todos esses projetos, acabou punido com a demissão.

Talvez um misto de arrogância, falta de noção e absoluto amadorismo possa justificar a decisão dos dirigentes do time campineiro. Um deles chegou a declarar que “no Treze só jogam vencedores.” Se é assim, então, os vencedores devem estar mesmo apenas dentro das quatro linhas – porque fora, só o que se viu foram cartolas inaptos e sem a mínima idéia do que significa administrar um clube.

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