FEBRE DO RATO – Sem dúvida, um
dos grandes lançamentos do cinema brasileiro neste semestre. Será que Cláudio
Assis se refinou? O diretor dos polêmicos Amarelo
manga e Baixio das bestas lança
seu terceiro filme cercado de expectativa e referendado por uma penca de
prêmios recebidos no Festival de Paulínia (que mal foi criado e já está
extinto) do ano passado.
Se seus trabalhos anteriores
chamaram a atenção por um estilo brutal de narrativa e de enfoque da violência,
este, ao menos na superfície, se diferencia por trazer uma história de amor. O
poeta Zizo (Irandhir Santos, um dos bons atores do cinema nacional, que ainda
não é muito conhecido do grande público) passa seus dias escrevendo e
observando o mundo, mas vê este mesmo mundo se desestruturar ao se apaixonar
por uma jovem ninfa, Eneida (Nanda Costa). De onde partirá a violência que
tempera os longas de Assis a partir dessa sinopse, só vendo. Mas os filmes do
diretor sempre foram difíceis por natureza, seja pela abordagem que faz do
universo dos excluídos, jogando na cara do público certas mazelas que
preferimos não ver, seja pela forma como narra suas histórias. Aqui, ele optou
pelo preto e branco, o que pode dificultar mais ainda a carreira desse trabalho
junto à platéia, que sabidamente rejeita esse tipo de fotografia. De tão
alternativo, a única distribuidora que topou lançá-lo foi a Imovision,
especializada nesse tipo de filme.
SOMBRAS DA NOITE – Sou fã de Tim
Burton, mas confesso que estou pouco empolgado para conferir este seu novo
trabalho, e são várias as razões para isso.
A primeira é que fiquei bastante
decepcionado com seu filme anterior, Alice
no País das Maravilhas, que me aborreceu com seu ritmo claudicante e sua
narrativa lenta, irritante mesmo. Depois, porque ele parece não estar sabendo
se renovar, ou seja, faz sempre a mesma coisa, sempre o mesmo tipo de filme,
sempre os mesmos tipos estranhos. É possível inventar a partir de fórmulas
consagradas, mas o estilo dark do diretor já está cansando.
Aqui ele adaptou uma popular
série de TV que foi ao ar pela ABC entre 1966 e 1971, mas aproveitou apenas
parte da idéia original (que era muito extensa, com inúmeros personagens e mais
de 100 episódios). A história acompanha a jornada do bon vivant Barnabas Collins, que, vítima da maldição de uma bruxa,
passa 200 anos aprisionado em uma tumba. Ressuscita em 1972 e resolve voltar
para casa. Mas encontra um séquito de figuras tão estranhas quanto ele morando
lá, entre elas a bela Victoria Winters (papel da desconhecida Bella Heathcote,
que bem faz jus ao nome).
É a oitava vez que Depp e Burton
trabalham juntos, em parceria iniciada com Edward
mãos de tesoura (1990), uma das mais longevas do cinema. O problema é que
também já cansou ver o ator fazer sempre o mesmo tipo desajustado. Nem o
trailer (abaixo) me atraiu. Mesmo com tantos contras, não tem jeito: Burton é
um desses diretores cujos filmes têm sempre de serem vistos.
E AÍ... COMEU? – O cinema
brasileiro joga nessa comédia de tintas populares sua última cartada do
semestre para tentar seduzir o público e fazer uma boa bilheteria, já que as apostas
anteriores, os belos e competentes Xingu,
Heleno e Paraísos artificiais ficaram muito aquém do esperado, talvez por
se tratarem de produções mais requintadas, com conteúdo, o que, parece, afasta
o público médio dos blockbusters nacionais e a Nova Classe C. Esta, pelo visto,
já dá as cartas também no cinema e determina os rumos que o mercado exibidor
deve tomar.
Será que conversas de cunho
sexual são mais atraentes ou interessam mais do que biografias de brasileiros
ilustres ou discussões sobre o uso de drogas sintéticas? Vamos ver qual vai ser
a resposta nas bilheterias. O trailer (abaixo) até pode ter certa graça quando
visto pela primeira vez, mas, ao menos para mim, é insuficiente para criar
qualquer expectativa.
UM VERÃO ESCALDANTE – Troca-troca
entre casais parece ser uma obsessão dos diretores franceses. Outro dia entrou em cartaz Para poucos,
cuja história era bem parecida com esta aqui, dirigida pelo prestigioso
Philippe Garrel e que traz no elenco Louis Garrel (seu filho) e Monica
Bellucci. Veja se não tiver nada melhor para fazer.
OS ACOMPANHANTES – Dramaturgo
tenta faturar uma grana extra trabalhando como acompanhante de viúvas ricas em
eventos e festas. Nesse ínterim, conhece um jovem que sonha em se tornar
escritor (oh Deus, não tem nada melhor com que sonhar?). Comédia sem maiores
referências, a não ser o elenco: Kevin Kline, Paul Dano (de Pequena Miss Sunshine), Katie Holmes e
John C. Reilly.
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