quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Os melhores e os piores de 2012


Dos exatos 500 filmes vistos em 2012, sobraram 20 para representar o que assisti de melhor e de pior na temporada que se encerrou. Quem acompanha este espaço sabe que, para minhas listagens de melhores e piores, vale tudo: títulos recém-lançados, filmes antigos que só descobri agora, exibidos em circuito, mostras, festivais ou baixados na rede, vistos na televisão ou em DVD etc. Só deixo de fora as séries de TV, por uma questão de coerência.

OS MELHORES

O último Elvis: o melhor de 2012.
O ÚLTIMO ELVIS – O melhor filme do ano é mais uma aula de roteiro do cinema argentino. Já comentei sobre este aqui, que foi exibido no Festival do Rio. Drama e humor em doses certeiras para contar a história de um alienado fã de Elvis Presley que chega às últimas conseqüências na tentativa de encarnar seu ídolo.

MAMÃE FOI AO SALÃO – O cinema canadense tem nos legado algumas obras-primas. Esta é mais uma delas. Com roteiro autobiográfico, a diretora Lea Pool narra a história de amadurecimento de uma jovem na Montreal dos anos 50 em meio a sua família disfuncional. Emoção à flor da pele.

ODEIO ESSA MULHER – Descoberta em DVD. Richard Burton troca de emprego ao sabor do vento, enquanto mantém um relacionamento autodestrutivo com sua namorada (Claire Bloom). O duelo de interpretações ganha pontos pela atuação visceral dos protagonistas. Filmaço a ser conhecido.

O SOM AO REDOR – Para descrever o pesadelo da classe média urbana dos dias atuais, o diretor Kleber Mendonça Filho só precisou de três elementos: roteiro enxuto, diálogos afiados e excelente uso do som. Eis a receita do grande vencedor do Troféu Redentor do Festival do Rio.

AQUI É O MEU LUGAR – Sean Penn empresta dignidade e honra a um papel que poderia cair no ridículo. Na pele de um ex-astro de rock que insiste em viver no e do passado, mesmo debaixo da maquiagem carregada, ele brilha neste filme que demorou a ser lançado e, infelizmente, acabou esquecido pelos prêmios.

AS SESSÕES – Forte candidato ao Oscar, deve premiar o ainda pouco conhecido John Hawkes, que arrebata no papel de um jornalista tetraplégico condenado a viver em uma maca que resolve perder a virgindade aos 38 anos. Para isso, conta com a ajuda de uma inspirada Helen Hunt. Sensível, engraçado e emocionante.

Rodrigo Santoro em Heleno.
HELENO – Um filme sobre um Botafogo vencedor, capitaneado por um artilheiro decisivo, não podia ficar de fora da lista. Além disso, ainda conta com uma atuação magistral de Rodrigo Santoro, bela fotografia em preto e branco e uma curiosa referência à minha família (indiretamente) logo na primeira cena.

O QUADRO – O representante das animações é esta belíssima produção franco-belga, outra do Festival do Rio. Com uma premissa bastante original, a história se passa inteiramente dentro de uma pintura e conta a luta pela aceitação entre os diversos tipos de desenho que a compõem.

HATED – GG ALIN E OS VICIADOS ASSASSINOS – Único título documental na relação dos melhores, este filme tem quase 20 anos (é de 1994) e dá uma aula do gênero ao retratar de forma autêntica o universo de um dos artistas mais controversos do cenário musical norte-americano dos anos 80.

O ROBÔ – Fechando a lista dos melhores, vem uma inusitada ficção científica feita na Índia, sobre um andróide que sonha em se tornar humano e, para isso, precisa conquistar o coração de sua amada. Já vimos isso em Hollywood, mas o filme é uma prova da vitalidade do cinema indiano. Criativo, ótimos efeitos especiais, grande diversão.

Menção Honrosa: Drive, faroeste urbano noir que privilegia o aspecto psicológico dos personagens. Um filme de ação para cinéfilos.

Menção Honrosa – Série de TV: The newsroom – 1ª  temporada. A cena de abertura, em que Jeff Daniels desfia um rosário de mazelas do sistema político, econômico e social da Grande Nação do Norte, já se tornou antológica.

OS PIORES

A SAGA MOLUSCO – ANOITECER – Imagine um filme muito ruim. Agora, multiplique por mil. O resultado ainda ficará longe dessa coisa inqualificável, que consegue errar em tudo. Humor retardado, elenco péssimo, roteiro idiota. Uma afronta à inteligência de qualquer um. Coitado de quem pagou para ver isso no cinema.

Um filme sérvio - terror sem limites: merece o limbo.
UM FILME SÉRVIO – TERROR SEM LIMITES – Censurado no mundo inteiro, inclusive no Brasil (foi retirado de uma mostra que iria exibi-lo), essa pretensa denúncia dos horrores da Guerra dos Bálcãs ultrapassa qualquer limite de bom-senso. As cenas são quase insuportáveis. Sou contra a censura, mas este aqui merece o esquecimento.

SINGAPORE SLING – Aberração rodada na Grécia que, segundo o diretor, é uma refilmagem local e “alternativa” para o clássico Laura, de Otto Preminger. Mas a elegância e a sutileza do original nem chegaram à porta disso aqui, um horror com inúmeras cenas de tortura, vômito e sadomasoquismo descerebrado. Preminger deve ter se revirado no túmulo.

DESCULPE-ME POR ESTUPRAR VOCÊ – O título é autoexplicativo. Misturando crítica religiosa com erotismo fetichista, esse pobre exercício metalingüístico se afunda em amadorismo constrangedor. Alguns dos piores diálogos já escritos, atuações ridículas e uma “mensagem” duvidosa compõem esse lixo que nem trash é, só um filmeco à beira do desprezível.

O GORILA – Tem representante brasileiro na lista dos piores. A honra cabe a José Eduardo Belmonte, que simplesmente conseguiu destruir o excepcional conto homônimo de Sérgio Sant’Anna nessa que é a pior adaptação de obra literária para o cinema. Acaba fazendo jus ao título: é um King Kong de ruindade.

MARCA DA VINGANÇA – Um filme pouco conhecido que passa à exaustão na TV a cabo, nem sei se saiu em DVD. Melhor não, já que a história sem pé nem cabeça de um rapaz que nasce com uma grande mancha negra no rosto e se envolve com uma seita demoníaca não merece nada mais que o anonimato. E é muito pior do que parece.

GATA EM FUGA – Este aqui saiu em DVD e já deve ter sido visto por muita gente. A espanhola Paz Vega cava seu túmulo no cinema norte-americano com essa aventura em tons de comédia sobre uma matadora de aluguel. Janet McAteer, que já foi indicada ao Oscar, é outra que parece perdida e constrangida nessa bomba. Violento e imbecil.

Megan Fox em Anjo do desejo: nem ela salva o filme.
AMOR ANIMAL – Quem acha que não existe documentário ruim deve (ou melhor, não deve) conhecer este aqui. Feito na Áustria, mostra a devoção das pessoas a seus bichinhos de estimação. As entrevistas são inócuas, ninguém diz nada relevante e o filme parece interminável. Dá vontade de sair matando todos os cães e gatos que aparecem pela frente.

ANJO DO DESEJO – Outro que saiu em DVD. Depois de ter a carreira salva graças a O lutador, Mickey Rourke parece empenhado em voltar ao anonimato se metendo em projetos ruins como este. Megan Fox faz um anjo caído que foge de um gângster que a explorava comercialmente. A idéia era boa, mas o filme resultou em um equívoco total.

BUCKY LARSON – DOTADO PARA BRILHAR – Espécie de versão adolescente de Boogie nights – prazer sem limites. Um caipira bobalhão vai para a cidade tentar vencer como astro do cinema pornô graças a seu enorme “talento”. Seria aceitável se o humor funcionasse ou não fosse tão vulgar. Triste ver Christina Ricci defendendo uns trocados nessa babaquice.

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